sexta-feira, 20 de novembro de 2015

RECESSÃO ECONÓMICA, MEDIDAS DE AUSTERIDADE E EFEITOS SOBRE SAÚDE - O CASO DE LONDRES

O Instituto de Equidade em Saúde (UCL INSTITUTE OF HEALTH EQUITY) num trabalho "The Impact of the Economic Downturn and Policy Changes on Health Inequalities in London" realizado para o Departamento de Saúde Pública da Inglaterra (aqui) e (aqui) sobre os efeitos da crise económica e das medidas de austeridade tomadas sobre o bem estar social dos cidadãos da área de Londres, e a forma de reduzir as desigualdades  daí resultantes, concluiu que são três as áreas em que mais se farão sentir os efeitos da crise e da recessão económica: emprego, rendimento e habitação.


Michael Marmot
No que se refere ao emprego, o estudo liderado pelo Professor Michael Marmot, concluiu que o desemprego afetou sobretudo os jovens de menos de 25 anos e em particular os que residiam nas áreas mais deprimidas de Londres, fator encarado com preocupação, uma vez que o desemprego jovem tem um efeito negativo sobre as futuras oportunidades de emprego e os resultados obtidos ao longo da vida. Trabalhar é  uma forte protecção para a saúde, em especial quando o trabalho é de "boa qualidade. " Being in work is mainly protective of health when it is good quality work, which gives employees some control over their work, rewards achievements, is safe and provides a decent standard of living. Individuals who remain in the workplace during an economic downturn may be subject to more psychosocial stress from increased uncertainties surrounding job security and the likelihood of redundancy."

A crise económica e o aumento do desemprego, provocou uma diminuição do rendimento de muitos cidadãos da grande Londres, aumentando a taxa de pobreza (Londres é uma das regiões do Reino Unido com maior taxa de pobreza). Os autores chamam à atenção para o fato de que as crianças nascidas na pobreza apresentarem maior risco de desenvolverem, doença física e mental, problemas sociais e de desenvolvimento no imediato e ao longo da vida.  Muitos dos que vivem na pobreza vivem em famílias de trabalhadores, onde muitas destas alterações vão provocar uma redução diminuição de rendimento e agravamento das condições de vida.


No que se refere à habitação, foram as famílias com crianças e em particular as que tem maior número de elementos que mais sofreram com redução do subsídio de habitação. Os agregados familiares que viram os seus rendimentos reduzidos tiveram que encontrar novos lugares, provocando movimentos de população dentro de Londres ou para fora de Londres, ou optar por viver em casas sobrelotadas.

O Instituto de Equidade em Saúde (UCL INSTITUTE OF HEALTH EQUITY) chama à atenção das autoridades para o potencial aumento das desigualdades em saúde, para o previsível aumento dos problemas de saúde mental, incluindo depressão, suicídios e tentativas de suicídio,  para níveis mais baixos de bem-estar social com previsível aumento da violência doméstica  (devido ao aumento da pressão sobre as famílias ) e, possivelmente, mais homicídios, para o aumento da tuberculose, do HIV/SIDA e do  aumento da mortalidade por doenças do coração - com início 2-3 anos depois o aumento do desemprego, com efeitos persistindo por 10-15 anos.


Terminando por propor que os governos local e nacional  assegurem serviços públicos dirigidos à infância, medidas que permitam o alívio das famílias com o arrendamento e as despesas de funcionamento, cuidados de saúde de primeira linha e de saúde mental e a atribuição de uma renda mínima que garanta uma vida saudável (Minimum Income for Healthy Living (MIHL).

Nota: Minimum Income for Healthy Living (MIHL), which was recommended in ‘Fair Society, Healthy Lives’ (Marmot Review), published in February 2010, should provide enough money to pay for ‘needs relating to nutrition, physical activity, housing, psychosocial interactions, transport and medical care.





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