sábado, 13 de fevereiro de 2016

AUMENTO DA MORTALIDADE E DA MORBILIDADE ENTRE OS NORTE-AMERICANOS BRANCOS DE MEIA IDADE - UM CASO DE " DISEMPOWERMENT"

Um recente artigo publicado na revista Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, "Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America" (PNAS) de Dezembro de 2015, intitulado “Rising morbidity and mortality in midlife among white non-Hispanic Americans in the 21st century”, os autores  Anne Case e Angus Deaton investigadores da Woodrow Wilson School of Public and International Affairs and Department of Economics, Princeton University, Princeton, encontraram um aumento significativo na mortalidade por qualquer causa entre os norte-americanos brancos não hispânicos dos 45 aos 54 anos, ao contrário da descida verificada  nos outros grupos (black non-Hispanics and Hispanics). 

All-cause mortality, ages 45–54 for US White non-Hispanics (USW), US Hispanics (USH), and six comparison countries: France (FRA), Germany (GER), the United Kingdom (UK), Canada (CAN), Australia (AUS), and Sweden (SWE).
De acordo com o estudo estes resultados não só contrariam a redução verificada nas últimas décadas na mortalidade nos EUA, como são únicos entre os países de renda alta. Este aumento da mortalidade para os brancos não hispânicos é em grande parte explicada pelo aumento das taxas de mortalidade consumo abusivo de álcool e drogas ilegais, suicídio, cirrose e doenças crónicas do fígado, atingindo todas os níveis de escolaridade, mas sendo mais marcada entre os menos escolarizados. O estudo revela ainda um aumento da morbilidade entre as mulheres brancas não hispânicas, um agravamento (self-reported) do estado de saúde em geral, da saúde mental, da capacidade para realizar as atividades da vida da diária e ainda um aumento da dor crónica, da incapacidade para o trabalho, e uma deterioração das provas da função hepática.  Os autores concluem que as causas para estes resultados residem em causas económicas e sociais que afetaram os brancos não hispânicos nas últimas décadas.

Mortality by cause, white non-Hispanics ages 45–54
“After the productivity slowdown in the early 1970s, and with widening income inequality, many of the baby-boom generation are the first to find, in midlife, that they will not be better off than were their parents. Growth in real median earnings has been slow for this group, especially those with only a high school education. However, the productivity slowdown is common to many rich countries, some of which have seen even slower growth in median earnings than the United States, yet none have had the same mortality experience. The United States has moved primarily to defined-contribution pension plans with associated stock market risk, whereas, in Europe, defined-benefit pensions are still the norm. Future financial insecurity may weigh more heavily on US workers, if they perceive stock market risk harder to manage than earnings risk, or if they have contributed inadequately to defined-contribution plans.”

Estamos, pois, perante uma situação de “disempowerment”, circunstância em que as pessoas passam a ter pouco controle sobre suas vidas, encontrando-se socialmente isoladas ou incapazes de participar plenamente na sociedade.


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